Prefácio


Uma parente insuspeitada

O meu conhecimento da Dra. Maria dos Anjos de Pinho Tavares resultou de uma coincidência onomástica veiculada pelas capacidades que a actual ciência da tecnologia informática nos facilita.

Com efeito, aqui há um par de anos, recebi no meu correio eletrônico uma mensagem em que ela, tendo descoberto o meu nome através destes modernos e indiscretos meios de comunicação, me vinha pedir informações acerca da “nossa” família, para a elaboração de um livro que andava preparando. Depois de alguns esclarecimentos sobre esta questão dos apelidos familiares e sua proveniência e seus processos combinatórios, e das dificuldades que isso entre nós quase sempre representa, Maria dos Anjos aparece com sua amiga Elmira Camilo em Portugal, onde, para meu espanto, com seu esforço e faro de pesquisadora, conseguiu descobrir as origens dos seus parentes “de Pinho Tavares” e do primeiro que passou das terras lusitanas europeias para a terra de Vera Cruz. Foi um achado que, ao mesmo tempo, mostra que, afinal, nem tudo era caos nem tão mau como por vezes se diz, na administração deste velho país que é Portugal.

Os Pinhos portugueses parecem provir de origem toponímica muito antiga e encontram-se mais ou menos por todo o país, embora com predomínio em algumas regiões do centro-norte e à roda do Porto e de Aveiro, como por exemplo em Vale de Cambra, Vila da Feira, São João da Madeira, Arouca, etc. Os Tavares são ainda mais frequentes e encontram-se por todo o território, mas também com prevalência no centro e norte. As combinatórias entre os dois sobrenomes, resultam, como é natural, das fortuitas circunstâncias dependentes de ligação matrimonial entre os dois ramos familiares. Casos há em que uma combinatória se manteve aglutinada desde tempos antigos até ao presente, como parece ser o da minha querida parente Maria dos Anjos de Pinho Tavares, cujos dois sobrenomes aparecem ligados ao nome dos seus antepassados já seculares.

Essa não é a minha situação e de meus irmãos, Manoel Joaquim e Maria Fernanda, pois a nossa combinatória onomástica “Tavares de Pinho” advém recentemente dos sobrenomes Pinho de nosso pai e Tavares de nossa mãe. Estas junções são tão aleatórias, que é possível encontrá-las em ramos familiares bem distantes e sem ligação próxima e direta, como eu próprio já um dia experimentei ao receber um postal com nome e sobrenomes absolutamente iguais ao meu – Sebastião Tavares de Pinho – de alguém que eu desconhecia, e continuo a desconhecer, do norte deste pequeno país.

Seja como for, não deixamos de ser parentes de Maria dos Anjos, ainda que os nossos antepassados entronquem em antigos tempos e lugares difíceis de localizar. Mas, o que mais importa neste conhecimento mútuo é ter encontrado em Maria dos Anjos uma pessoa de excepcional simpatia, com qualidades humanas de inteligência e sensatez, de trabalho e profundo sentido de responsabilidade, e de incessante desejo pelo saber, muito acima e fora do comum, como se vê neste livro que agora sai de suas mãos, da sua mente e sobretudo do seu coração. E, por cima de tudo isto, a prerrogativa, que eu muito aprecio, do permanente bom humor com que ela sabe superar as duras provações da vida e transmitir aos outros uma tranquila e misteriosa coragem.

Nessa parente Maria dos Anjos de Pinho Tavares, da outra margem do Atlântico, encontramos todos nós os Tavares de Pinho deste lado europeu, mas eu em particular, uma grande, sincera e comprovada Amiga.

Sebastião Tavares de Pinho
Coimbra, maio de 2004.